É um consenso entre os educadores que a pintura é um importante estímulo ao aprendizado infantil. Assim como desenhar, escrever ou tocar um instrumento, por exemplo, pintar ativa as conexões cerebrais, desenvolvendo a cognição e a criatividade. Não fosse o bastante, o ato de colorir ajuda ainda na melhora da coordenação motora e no relaxamento dos pequenos, apenas para citar alguns dos principais benefícios dessa atividade. Frente a tantas vantagens, inserir os livros de colorir na rotina das crianças pode trazer resultados surpreendentes em seu processo educacional.
Alguns estudos neurocientíficos apontam que o córtex-cerebral é uma das principais áreas ativas em nosso cérebro no momento da pintura. Essa é a mesma área responsável pelo nosso raciocínio lógico, que nos ajuda na tomada de decisões racionais. Em crianças e adolescentes, a área ainda é pouco desenvolvida, segundo indicam esses mesmos estudos, chegando à maturidade apenas quando se aproxima a fase adulta. Estimular o córtex desde cedo, portanto, é uma ótima forma de ajudar a criança a atingir essa maturidade com menos dificuldades.
O processo de combinação de cores ao pintar um desenho é, ainda, um grande estímulo para a criatividade. Pessoas criativas experimentam ideias e buscam soluções inovadoras. O exercício da criatividade, certamente, é um passo importante para um melhor aprendizado ao longo da vida.
Em oposição à liberdade de escolher e aplicar as cores, o ato de colorir pode apresentar também à criança o desafio de manter essas cores dentro de espaços delimitados. Neste ponto faço a ressalva de que é importante, principalmente com os mais novos, garantir à criança a liberdade para se expressar e não se prender a esses limites. Antes de tudo, colorir é uma atividade lúdica e de autoexpressão. No entanto, pouco a pouco, a própria criança passará a se colocar esse desafio e se sentirá realizada ao vencê-lo.
Esse exercício de seguir os limites do desenho desenvolverá na criança o que os profissionais de pediatria chamam de coordenação motora fina. Essa é uma habilidade fundamental para a manipulação de pequenos objetos. Uma melhor coordenação motora fina ajudará a criança com a caligrafia, lhe dando mais segurança em seu processo de alfabetização. Mais um ponto a favor dos livros de colorir!
Por fim, em tempos de pandemia não podemos nos esquecer da diversão e do relaxamento proporcionados pela pintura. Costumamos pensar no estresse e nas preocupações como exclusividades do mundo adulto. Entretanto, é inegável que as mudanças de rotina e os desafios impostos pela nova realidade que vivemos têm os seus impactos também sobre nossos filhos.
A pintura, bem como qualquer fazer artístico, pode se tornar uma forma de meditação. Assim como o mindfulness, nos faz ficar atentos ao tempo presente, focados e concentrados. A atenção ao lápis e ao papel pode desligar a criança, por alguns momentos, de sua rotina e preocupações do dia a dia.
Não devemos confundir o ato com uma atividade terapêutica. Arteterapeutas, de fato, podem se valer do desenho e da pintura como ferramentas para que a criança trabalhe questões emocionais específicas de forma direcionada. O simples ato de colorir, todavia, pode sim, promover um alívio do estresse. A prática constante dessa “meditação lúdica” certamente trabalhará a paciência da criança, sendo uma ótima ferramenta para o controle emocional dos pequeninos mais agitados.
Ainda que o ato de colorir possa trazer inúmeros outros benefícios como a afirmação de uma identidade própria e uma maior habilidade de lidar com os próprios sentimentos, um grande impacto na criança já poderá ser sentido apenas ao se trabalhar os três aspectos citados: o estímulo cognitivo, a habilidade motora e o controle do estresse. Aliar esses estímulos aos primeiros contatos da criança com formas, números e outros conceitos anteriores à alfabetização podem amplificar ainda mais as vantagens do uso dos livros de colorir. Dê uma chance a essas obras e aproveite bons momentos com os seus filhos!