Como despertar nas crianças o interesse por um instrumento musical

Como despertar nas crianças o interesse por um instrumento musical

Aprender instrumentos musicais na infância pode trazer uma melhora na cognição, na atenção e na memória operacional. Isso é o que diz uma pesquisa chilena publicada no jornal científico “Frontiers of Neuroscience“. O estudo comparou diversas habilidades de 40 crianças entre 10 e 13 anos, sendo que metade havia estudado um instrumento musical regularmente por pelo menos dois anos.

Como resultado, os pesquisadores descobriram que o grupo exposto à educação musical apresentou uma pontuação maior nos desafios de memória e demonstrou um melhor desempenho ao assimilar informações, habilidade decorrente do aperfeiçoamento da memória operacional — fundamental para a linguagem e resolução de problemas.

“A música é bastante completa. Ela abrange a parte de organização racional e intelectual, e a parte da expressão, da sensibilidade e da percepção. Quando você entende tudo isso, é fantástico”, explica o professor de música Roberto Schkolnick, professor e assessor de musica em diversas escolas da rede pública e privada de São Paulo e um dos vencedores, na categoria educação infantil/música do Prêmio Educador Nota 10, promovido pela Revista Nova Escola .

Por esses e inúmeros outros benefícios, os pais matriculam as crianças em escolas de música ou escolhem qual instrumento ele deve aprender a tocar, muita vezes, de forma arbitrária. E claro que esse não é o melhor caminho para fazer as crianças se interessarem por essa forma de arte. “Forçar a escolha pode fazer com que elas desistam do aprendizado ou ainda o considerem uma tarefa desagradável”, salienta Roberto. A seguir, damos algumas orientações para que os pais ajudem os filhos a se familiarizar com o universo musical.

8 maneiras de aproximar o seu filho do universo musical

De uma forma geral, profissionais indicam aos pais que, antes da matrícula em um curso formal de instrumentos, eles procurem levar as crianças às aulas de musicalização. “A musicalização é o trabalho anterior ao estudo específico do instrumento. Na faixa etária da educação infantil, ou seja, do bebê até os seis anos, as crianças têm uma experiência mais lúdica, de brincar com descobertas do mundo sonoro. É importante que elas explorem as fontes sonoras e os materiais”, ressalta Roberto.

Para ajudar no processo de introdução musical, o professor sugeriu algumas ações aos pais sobre o que pode ser feito em casa de forma simples. Confira a seguir.

1. Explore a sonoridade

Faça a criança ter contato com diferentes instrumentos musicais ou materiais para explorar os sons. “Percutir um tambor ou uma lata, bater em uma superfície de madeira ou de plástico, tudo isso produz timbres diferentes. E essa experiência de descoberta precisa ser valorizada”, afirma Roberto.

2. Apresente gêneros diferentes

“É importante você disponibilizar uma música clássica, uma MPB, um jazz… Essa é uma possibilidade que os pais têm de ampliar o repertório e inclusive a sonoridade de cada estilo”, sugere o professor de música. Por isso, abra a mente para canções além dos sucessos midiáticos.

3. Ajude a discernir os sons

No início, pode ser difícil identificar o som de cada instrumento musical em uma canção. Por isso, a princípio, é interessante apresentá-los separadamente às crianças e, depois, em conjunto. “Saber quais são os elementos presentes em uma determinada canção demanda um treino de escuta, de percepção, de reconhecimento do som”, explica Roberto.

4. Use a tecnologia

Atualmente, é possível encontrar aplicativos com trilhas de instrumentos musicais e isso pode ajudar a apresentar os sons às crianças, principalmente para os pais que não tocam ou não têm acesso fácil a um instrumento.

5. Construa instrumentos

Há vários tutoriais na internet sobre como fazer um violão com uma caixa de papelão e elásticos, ou como fazer um chocalho caseiro com diferentes conteúdos. “Se for pedrinha, areia ou arroz, o timbre muda completamente, fica mais grave ou agudo, e já é possível conseguir o discernimento sobre as variações de timbre conforme os materiais”, descreve o professor.

6. Preste atenção ao desenvolvimento

“Eu sou a favor do início a partir dos sete anos. Essa data é uma possibilidade de começar uma iniciação de instrumento porque o sistema corporal da criança está mais amadurecido. Antes, você não tem essa coordenação fina exigida”, explica Roberto.

7. Cuidado com brinquedos sonoros

“Muitas vezes, os pais, com boas intenções, compram tecladinhos ou baterias com luzinhas. Esses brinquedos são interessantes, mas é importante a criança saber que é um brinquedo. Essa experiência pode ser gostosa para escutar a música, mas é legal conhecer como são os instrumentos musicais reais porque, às vezes, a realidade não é próxima”, alerta.

8. Não force a escolha

“É importante perceber como está sendo o vínculo daquela criança com o instrumento, se ela está se identificando”, destaca Roberto. Com sensibilidade, os pais podem perceber se a criança prefere instrumentos mais melódicos ou de percussão, e, assim, fazer escolhas mais assertivas.

 

Fonte: Canguru News

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